abril 29, 2011

Na mesa com meus ancestrais

Na mesa com meus ancestrais ainda em vida e outras que já partiram foi compartilhada a vida e lições de um caminho percorrido. Tudo foi dito, revivido e julgado. Juras de amor, outras  de orgias (com e sem amor, uns com amor e ódio oscilando o tempo todo, e aqueles sem nenhum amor com tapas e revelias), juras de maldições, juras de confiança, juras de consolo e apoio da boca pra fora (a esmola que oferecemos aos palhaços e malabaristas na rua pela sua arte e necessidade), juras de defesas e reconhecimento perante os Deuses (na linha oculta do acordo #X até que esteja ao meu lado, depois o efeito é contrario), juras de ocultar nomes secretos. Juras.
E a ancestral disse: Jura mesmo que você acreditou nisso?

Hoje, dizem que sou louco por ser e pensar assim. Mas louco é quem me diz e não é feliz. Louco é quem perde o emprego por desiquilíbrio. Louco é quem atraem loucos. Loucos é quem põe um contra o outro na mesma panela para ter pressão e dizer que isso é a magia do cozimento de neurônios – vulgo lavagem cerebral. Loucos são aqueles que guiados pelo poder e elevação do ego atravessam sua índole pessoal para alcançar o prometido.
E a ancestral disse: Porque você também precisou disso?
Ontem, eu era nove de espadas. Amarrado e vendado paralisado em Saturno envolto à escuridão de um sol não revelado. Revivendo histórias que tinham começo, meio e fim em todos os dias em que levantava. Não como rotina, mas como prato feito em Feira de Santana na Bahia.
E a mais ancestral disse: Agora será a Estrela e todos seus atributos, assim, verá, reconhecerá e irá superar com seu trabalho o que foi feito, não pela mesma moeda, mas pela verdade que será dita por onde for sobre tudo o que aconteceu.
Hoje, choram pela ausência e dor NÃO do machucado ainda aberto em suas virilhas, mas sim do clube da esperança aonde a porta irá se abrir com o velho milionário do Taguatinga Shopping e Pier 21. Me comove um pouco, bem pouco essas lágrimas, mas tenho pena ainda mais de ver no chalé das avós alguém que chora por culpar o outro de seus próprios erros.
Alceu Valença canta: “Pastores da noite, Meu São Jorge Amado livrai-me do ódio dos apaixonados...”
E as ancestrais em uníssono dizem: Sabemos e consolamos desta maneira para que seja desvelado por si só.

Amanha, uma obra das ancestrais que ligam você e eu, eles e aqueles vão cobrar não em outras vidas, nesta mesma, a vida compartilhada, as quebras de juras, as dores mal direcionadas e os motivos que levaram a isso.
E a ancestral mais nova, a Mãe depois da plenitude, diz: Podem apostar! E nenhum filhote de cobra encostará em seus bichos, nenhuma aranha irá assustar casais em lua de mel, nenhum coelho correrá das suas mãos, nenhum leão irá rugir para afugentar seu culto, nenhum lobo irá uivar nas noites plenas sem ronquidão com coração pesado. Nem mesmo com ajuda de outros grupos que deveriam estar no mesmo por não ter se separado. Chegou a era do amor.

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