dezembro 14, 2010

Carta dos moradores de Vicente Pires ao Papai Noel


Querido Papai Noel,

Há muito tempo não escrevo para o senhor, isso porque na última vez em que escrevi uma carta pedindo o brinquedo desejado, recebi do meu pai que comprou na loja e ainda sim esqueceu a nota fiscal no embrulho do presente. Sim, tinha perdido a fé na magia do natal. Hoje, com trinta anos, já me vesti da sua pessoa por três vezes para iludir meus sobrinhos e primos (não foi para ofendê-lo e sim para alegrar o natal da família), adotei cartinhas dos correios para alegrar crianças duas vezes  e visitei orfanatos neste período para suprir a carência desta época.

Na noite passada tive uma revelação importante que talvez o senhor possa me ajudar. Na verdade, se puder ajudar com esse pedido o senhor estará ajudando uma comunidade inteira, ou melhor, quase 2 milhões de brasileiros que vivem em Brasília. Sei que a maioria da elite não vai merecer por seus atos durante o ano. A elite que me refiro são os políticos que residem na capital federal do Brasil. Não dá pra confiar muito, eu sei. Mas aqui existem pessoas honestas, trabalhadoras e batalhadoras, pessoas que vieram de toda parte do Brasil para desbravar o centro-oeste na busca de melhorar a qualidade de vida.

Meu pedido é muito simples e não irei enriquecer com isso. Seria um sonho de Natal ver as ruas de Vicente Pires sem buracos e crateras. As ruas 7, 8, 6, 4 e 5 estão intransitáveis. Os ônibus estão enfrentando as crateras arriscando a conservação do bem público. Os carros estão andando em ziguezague para desviar dos buracos. Eu moro na Rua 7 desde que cheguei de São Paulo, minha terra natal, e todo período de chuva é a mesma situação: a fina camada de asfalto (sim eles chamam isso de asfalto) é arrancada em blocos pela correnteza das águas que vem de Taguatinga. Dizem que a situação é corriqueira, e todo ano a administração arruma o asfalto, cobram uma fortuna para o ano seguinte fazer o mesmo concerto.

Como jornalista, entrei em contato com o administrador Márcio Melo para saber o que está acontecendo e eles estão sempre sem orçamento, mas prometeram arrumar as vias quando puderem. Em seguida, fui atrás do governador Rosso, e não obtive resposta. Aqui em Brasília, Papai Noel, depois de tudo o que aconteceu com os antigos governadores não podemos esperar muita coisa do atual governador... A coisa ta rosso por aqui viu! Sugeri pautas para rádios de notícias, jornais locais de grande circulação, média e até as pequenas, mandei pautas para emissoras de TV que adoram barracos e outras que demonstram seriedade no cenário brasiliense. Mesmo com ajuda dos colegas, nada foi feito.

Então tive a ideia de escrever essa singela carta na esperança que o senhor providencie o melhor asfalto para a cidade de Brasília, para os moradores de Vicente Pires. E não subestimando sua inteligência, não adianta remendar o asfalto com a camada de cimento, tem que ser asfalto de verdade. Por favor, já não tenho para quem recorrer. Nos socorre Papai Noel.

PS - Ah... se couber no saco de presente, fazer uma rede de esgoto... bem, é melhor não abusar, né? Ficaremos contente com asfalto descente! No ano que vem pedirei algo do gênero.

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